Não sei, ontem antes de dormir considerei minha vida virtual, eu atuando e ao mesmo tempo assistindo tudo e olhando pela minha janela eu me perguntei o que era real? Se o cheiro de goma de mascar na minha boca ou a sujeira nos meus pés quando brincava no quintal de minha casa de madeira em Coronel Vivida? Sim, isso era real e eu me sentia plantada naquela realidade, a boa sensação da falsa segurança infantil, os dez primeiros ano de uma vida vaporizada, onde tudo é novo e ao mesmo tempo tudo é constante.

O que era tudo aquilo que eu via pela janela e o que fiz para chegar até ali? Eu em Blumenau em 2010, naquela noite depois de um dia rotineiro de trabalho, no planeta Terra, Brasil, estado de Santa Catarina? Hoje em dia conseguiria até saber a posição geográfica, tudo é tão fácil e inútil nessa vida! Penso nas escolhas que eu fiz e do quanto crescer faz a vida se tornar difusa e ao mesmo tempo tão impalpável, não tenho nada além do que faço, nada que fica é tocável e constante, o passado se torna cada vez mais velho e o futuro não faz tanta diferença.

Tenho saudades de Curitiba, da Eliane, da Mariane e da Dona Iraci, tenho saudades da Milena e do Cassiano, do Buuu, da Mariana cara de banana, meus queridos amigos, alguns casando e ficando distante, outros se separando..., outros enlouquecendo e sumindo, criando outras realidades virtuais ou reais, sei lá... a "re-reunião" de todos é impossível! Gente para o Rio de Janeiro, gente para São Paulo, eu e outros para Santa Catarina e os que ficaram em Curitiba e os que foram para Londrina e os que voltaram para Portugal...

Em Blumenau, as vezes, me pego pensando sobre algumas pessoas que conheci recentemente, que eles se conhecem há anos e eu há tão pouco tempo e penso, olhando nos olhos de alguns, se a familiaridade virá com o tempo ou se isso era coisa de quando eu tinha a ingenuidade dos 20 anos? Mas tenho raros e poucos amigos em Blumenau, que se somaram aos meus poucos e raros amigos de minha vida toda.
Hoje se querem saber de mim, saibam que quero a liberdade de não precisar fumar mais, não a falsa liberdade de não poder fumar mais...
Amo, amo a mim, amo meus novos e velhos amigos, queria que todos pudessem entender que eu quero agora abraçar a todos, beijar todos e ter aquela conversa especial que tivemos em diversos momentos...
Queria cada risada e cada lágrima de novo. Eu estou com saudades sim! De todos que leram isso e lembraram... aceito que tudo tem seu tempo, sinto sempre que a existência nos ensina a lidar com a separação, mas que nunca deixamos ninguém para trás.
Todos vocês estão comigo, sempre.