sexta-feira, abril 11, 2008

amanhã...

Dos encontros que nunca esperei o com de minha velhice, me olho no espelho como quem olha um estranho, de mim não restam formas firmes e belas, apenas uma pessoa escondida entre tentativas vãs de retardar o tempo, minha alma ainda é a mesma, corre, samba, sonha, tem sonhos eróticos com lindos homens, morenos, adoro morenos, minha escrita tornou-se primorosa com o tempo, e eu me tornei menos imbecil, mas os reflexos me tolhem, o que antes fazia em segundos, agora demora minutos e os minutos tornaram-se horas, meus netos quando crianças pediam que eu nunca morresse, pois o tempo passava tão rápido para eles, mal sabiam que meus dias se arrastavam em torturantes horas, em horários para medicamentos estúpidos que de nada adiantariam quando Tanatus me buscasse, mesmo assim conversamos por horas e rimos e choramos.
Olho para os livros que eu havia lido diversas vezes ou que havia começado e parado diversas vezes tentando corajosamente lê-los, nunca me acostumei com e-books, por mais que tivesse lido vários.
Olho para meus olhos opacos como sonhos que nunca tive oportunidade, ou coragem, para realizar, o que ficava em meu pensamento hora ou outra era seu olhar, ele nunca me deixou e esteve em mim por pouco tempo, mas amor é liberdade, nunca me importei, apenas queria seu sorriso, depois, quando foi embora, queria suas doces palavras falando sobre aquelas terras maravilhosas e quando ele se foi, foi com ele o frio na barriga que sentia sempre que abria um e-mail com seu belo nome, não haveriam mais e-mails, nem fotos, era tão pouco o que tinha, agora o silêncio o fim da expectativa.
Volto para minha cama feita para uma velha senhora e lembro de minha cama rente ao chão que recebia somente quem eu desejava, sempre que pensava nele olhava para o céu e lá estava a lua, única coisa comum que nos uniu, olho para o espelho, dou uma bela gargalhada e penso que clichê imbecil que acabei de pensar, a lua, coisa mais brega, brega, que palavra mais velha, sempre que me entristecia ou me amargurava olhava para meus filhos lindos e para meu marido atencioso e bem sucedido, nunca achei certo aceitar seu dinheiro para reencontrar meu passado, depois de ter a vida que eu quis, eu encontrei meu marido e aceitei seu colo, estava tão ferida, tão cansada do mundo, a Amazônia poderia queimar ou o mundo poderia explodir, pois o que eu queria era um colo, havia tentado de diversas formas mudar o mundo, e olha que eu mudei muita coisa, mas nada mais me importava, minha alma naquele tempo estava doída e doente.
Sento na cama com esforço, merda de corpo, nunca me acostumei com as perdas, as primeiras foram as piores, meus amigos foram embora, primeiro mudaram de cidade, depois morreram, e quando meu filho mais novo morreu por uma doença degenerativa eu amaldiçoei todos os políticos que retardaram o avanço da medicina por causa de religiosidades. Depois as perdas pararam de doer tanto.
E eu me vejo estranha como já disse a escritora, deformada, dolorida e cansada, mas minha alma, ai minha alma essa não pára.
Mais um dia, se hoje eu morrer, que seja dormindo.

postado por She Python *
_________________________________________________________________


Sou uma mulher comum.

Seja bem vindo ao meu existir.

She


Tempo Comum











Outros Comuns


Casa da Tuka
Story Tailors
Chutando o Bardi
Hágale que no viene carro
Entretantas, Eu
Let it be?
Nós Somos Livres...
Em cima do salto da agulha...
Penso logo existo...
Tristeza e Rebeldia
Vou te contar...
360 graus
Lee Schuster


Translate this site...

English...

Arabic... Italian... Greek...


Campanha anti-plágio

Uma campanha Casa da Tuka contra o plágio


Layout by Tuka